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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

A Travessia - William P Young

Um derrame cerebral deixa Anthony Spencer, um multimilionário egocêntrico, em coma. Quando “acorda”, ele se vê em um mundo surreal habitado por um estranho, que descobre ser Jesus, e por uma idosa que é o Espírito Santo. À sua frente se descortina uma paisagem que lhe revela toda a mágoa e a tristeza de sua vida terrena. Jamais poderia ter imaginado tamanho horror. Debatendo-se contra um sofrimento emocional insuportável, ele implora por uma segunda chance.
Sua prece é ouvida e ele é enviado de volta à Terra, onde viverá uma experiência de profunda comunhão com uma série de pessoas e terá a oportunidade de reexaminar a própria vida. Nessa jornada, precisará “enxergar” através dos olhos dos outros e conhecer suas visões de mundo, suas esperanças, seus medos e seus desafios.

Na busca de redenção, Tony deverá usar um poder que lhe foi concedido: o de curar uma pessoa. Será que ele terá coragem de fazer a escolha certa?


O segundo livro de William P Young segue a cartilha criada por ele no campeão de vendas A Cabana. Embora eu não tenha concluído a leitura do best seller que permaneceu durante mais de um ano na lista de Mais Vendidos, a ideia de uma pessoa travar um debate, conversa ou diálogo com Deus, Jesus e o Espírito Santo está mais uma vez sendo explorado nessa obra. A estratégia provavelmente era apelar para o que fez A Cabana ser tão bem sucedido, porém o que foi original e interessante no primeiro recai ao aspecto de clichê no segundo.

Anthony Spencer é uma pessoa detestável. Egoísta ao extremo, imoral, egocêntrico e paranóico. Viveu em torno de seu próprio umbigo, visando seus próprios interesses, enriquecendo e humilhando as pessoas ao seu redor, afastando a tudo e a todos de si mesmo. Um exemplo disso é como ele tendo se divorciado de sua esposa (por vontade dela), investe em reconquistá-la, casar-se de novo com ela só para pisar nela e assim melhorar a situação para o sue ego ferido demonstra o tipo da pessoa que Tony havia se tornado.

O problema é que ele sofre um derrame, que aliado a um tumor cerebral e uma concussão séria, o coloca em um estado de coma profundo. Nesse momento ele é levado a um lugar isolado e desértico e encontra pessoas que o ajudarão a se consertar consigo mesmo e com Deus. Essas pessoas são um irlândes, um homem simples e uma velha índia que atende pelo nome de Vovó. Com o passar das páginas e conversas descobrimos junto com Tony que essas pessoas são Deus, Jesus e o Espírito Santo e que o lugar inóspito que estão nada mais é do que o seu interior.

Porém nem todo o livro é uma reflexão introspectiva de Tony. Ele tem uma jornada a cumprir e uma pessoa a ceder a dádiva da cura e através de um mecanismo bem duvidoso ele conhece pessoas que o ajudarão a compreender o sentido da vida e dos relacionamentos interpessoais e com Deus. Pessoas simples mas que tem nos sentimentos e na fé grandes aliados na arte de viver, como Maggie, Molly e o Pr. Clarence. Além disso a presença de um garotinho com Síndrome de Down baseado na vida do filho de amigos do autor, Cabby, e Lindsey trazem um frescor diferente e delicioso a história escrita por Young.

Deixando de lado o meu lado cristã, A Travessia é um livro clichê. Desde os primeiros momentos você já sabe o que vai acabar se desenrolando até o final e não se surpreende, nem se impressiona. O protagonista é tão caricato como nesses filmes meio auto-ajuda, que você começa achando um saco e depois ele vai crescendo em seu conceito enquanto aprende a ser uma pessoa melhor. Para pessoas não-cristãs, a leitura desse peca no tentar reproduzir o que o livro anterior do autor alcançou de maneira inesperada: o sucesso ao atingir várias pessoas não importando a religião que seguiam.
Entretanto, colocando os meus valores e reflexões durante a leitura, ele traz pensamentos e indagações que com certeza muitas pessoas necessitam saber, ler ou escutar de alguém. Como o fato de que Deus nos ama independente do que fazemos e cremos e que Ele está sempre do nosso lado, mesmo quando tentamos ignorá-lo ou empurrá-lo para fora de nossa vida.

Eu dou três estrelas para esse livro. Talvez por não ter como comparar de maneira mais eficaz com A Cabana. É uma boa leitura, embora não seja o meu estilo de livro. Me trouxe boas reflexões e isso que vale. Além do mais, o trabalho da Editora Arqueiro foi muito bom na capa e no trabalho de tradução!

Um comentário:

  1. Ganhei o A Cabana já fazem uns 4 anos e nunca tive vontade de lê-lo. Acho que iria acontecer a mesma coisa com este, porque é do mesmo autor, etc...

    Beijos,
    Caroline, do Criticando por Aí

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