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terça-feira, 19 de agosto de 2014

[Review] The Wolf Among Us


Tamos ai galerinha do mal, mais uma vez, como de costume, de boa... Hoje to ai trazendo a review do premiado "The Wolf Among Us".  Então vamos sentar, parar de mandar convitinho inconveniente de joguinho de Facebook para os outros e me acompanhem ao entrarmos na pele do Lobo, ou seria na pele do Lobo que entrou na da ovelha... ou um Lobo na pele de homem que finge ser uma ovelha... Ah chega! Não importa! Apenas sigamos em frente.

The Wolf Among Us é mais um titulo desenvolvido pela Telltale Games do gênero aventura, ou como também é chamado, "apontar e clicar". A desenvolvedora foi responsável pela criação de outros games com sucesso de críticas, sendo o mais conhecido "The Walking Dead", que inclusive ganhou 90 prêmios do "Game of Year" em 2012, que seria tipo o Oscar do mundo dos games...

UM MUNDO REAL DE FÁBULAS

"The Wolf Among Us", cuja a tradução seria "O Lobo Entre Nós", assim como "The Walking Dead" são baseados em histórias em quadrinhos da Vertigo, um selo da editora Dc Comics que é voltado para o público adulto, em poucas palavras, na Vertigo o lance é sangue nos zóio!!!!

No caso de "The Wolf Among Us" o jogo se baseia na obra de Bill Willingham "Fábulas", onde todos os já conhecidos personagens de contos de fadas como Chapeuzinho Vermelho e  Branca de Neve são reinventados para o nosso deleite visual de maneira repetácular! Agora você deve estar pensando "Putz. Ele não disse que a Vertigo era voltada para um público adulto? Como raios Branca de Neve e os sete anões podem ser algo para gente grande?"... Em primeiro lugar:  nunca fale dos anões perto da Branca de Neve, e em segundo: eu falei que era para o público adulto e é! 

Em "Fábulas" ao contrário do que você se espera os contos de fadas não são nada como céus ensolarados e campos verdejantes com borboletas coloridas dançando no ar, nem chega perto disso, as coisas são amargas e sujas, abordando temas pesados como politica, prostituição, casos policiais entre outras questões.

A história se foca numa comunidade clandestina chamada de "Cidade das Fábulas" criadas por elas em Nova Iorque após serem expulsas de seu mundo natal por um inimigo apenas conhecido como "Adversário" que conquistou as terras e os obrigou a fugir para o reino dos mundanos (mundo real) para sobreviver ao massacre.

Após o exílio das Fábulas se estabelecer aqui entre humanidade é que as coisas começaram ficar sombrias, a vida nos contos de fadas eram simples de mais, tudo muito bem definido, o bem, o mal... já no reino dos mundanos esta tudo muito mais para cinza do que preto ou branco. A maiora das Fábulas que escaparam de seu mundo não foram capazes de trazer seus bens, muitas outras perderam suas terras e títulos, e a pobreza se torna um problema muito mais presente do que maçãs envenenadas. O que a falta de grana e outras dificuldades podem levar as pessoas, fábulas ou mundanas, a fazer vai muito além do que se é capaz de pensar, matar, vender seu corpo, dar trambiques... Sim muitas Fábulas acabam vivendo vidas criminosas, sujas, para sobreviver.

Além de todas essas complicações tem a principal: os mundanos não podem saber da existência deles, então todas as Fábulas que ameaçam comprometer a existência secreta delas deve ser posta na prisão conhecida como "A Fazenda", tem por principal habitantes aquelas Fábulas de aparência não humana, antropomórficas, por exemplo: os três porquinhos, trolls... Lobo-Mau. Por sorte quem tem alguma condição financeira pode pagar pela magia das bruxas e assim adquirir o Glamour, um feitiço que esconde a verdadeira aparência das Fábulas, deixando-as iguais a humanos comuns.

O LOBO ENTRE NÓS



A história segui o Sheriff Bigby Wolf, o Lobo Mau, em busca de solucionar um dos maís misteriosos e brutais casos de assassinato ocorridos na Cidade das Fábulas.

Como já expliquei, com as Fábulas exiladas no reino dos mundanos elas tiveram a chance de recomeçar suas vidas, para muitas isso não significa algo bom já que eram príncipes e cheios de fortunas, mas para Bigby isso era uma oportunidade de mudar, não ser mais o grande e malvado lobo que todos temiam e odiavam, por isso e por ter habilidades incomparáveis a ele foi oferecido o cargo de Sheriff, aquele que protege as Fábulas... muitas vezes delas mesmas. Apesar de agora ser um dos mocinhos, Bigby ainda é visto com certo ressentimento por parte de muitos e ele mesmo as vezes dúvida de si, afinal existem instintos selvagens que não da pra superar sempre. Sabe como é né... comer velinhas é difícil de evitar! Não, to zuando galera! haha

Como todo adventure a jogabilidade é baseada em explorar o cenário buscando por objetos para analisar e guardar caso venha a precisa-los mais tarde, em suma é uma mecânica de jogo bem simples, tendo por movimentação só a opção de andar, enquanto com o mouse você passa por cima de objetos para ver as opções de interação que pode-se ter com eles. 

A verdadeira dificuldade de jogos assim é que eles testam sua inteligência e atenção. Muitas vezes não é simples abrir uma porta. Vou dar um exemplo: você precisa sair da cidade, mas antes deve recuperar suas coisas que foram apreendidas pela policia, então você conhece um criminoso que em troca de te dar um cartão de acesso da delegacia precisa de um favor seu, você faz o favor, ele te da o cartão e agora só falta você arrumar uma roupa de policial, você conhece um finalmente, e vê que ele tem problema com bebida... Sagaz como é, você decide embebeda-lo com aquela garrafa que tu ganhou de um amigo no dias atrás e vai até a... Já chega! Era só pra te fazer entender como as coisas viram uma verdadeira bola de neve, por isso costumam ser jogos demorados, com tramas bem complexas, cheias de personagens interessantes e uma dificuldade alta, já que nada é deixado claro pra você, é sua (ou não) a capacidade de deduzir que pode usar aquela garrafa de bebida para embebedar o policial... É assim o game inteiro, você que tem que ligar os pontos, notar os objetos úteis num cenário e imaginar como pode usá-los para solucionar algum problema ou quebra-cabeças. Eu amo tudo isso! Realmente treina nosso cérebro para ser mais sagaz e abri nossa mente para criar soluções com improvisos.

Contudo, essa dificuldade não é tão acentuada em "The Wolf Among Us" em específico, tem adventures infinitamente mais difíceis, mas no fim eu deixo o nome de alguns para vocês conferirem caso se interessem pelo estilo.

A grande sacada nesse título é que apesar dele pegar mais leve na tão famosa dificuldade dos adventures ele acrescenta à experiência elementos de outros estilos como Rpg, conversas na qual você decide qual vai ser sua fala, e cada fala tem gera uma reação diferente nos personagens que interagem com você, alias, "The Wolf Among Us" até inova essa mecânica já que ao contrário dos Rpgs você agora tem tempo pra responder alguma coisa, como na vida real, ninguém vai ficar esperando a eternidade pra você responder algo, além disso palavras ditas não podem voltar atrás, e isso da muito mais peso a suas decisões, visto que em muitos jogos você pode escolher uma fala, voltar e ir escolhendo todas as outras, pra ver tudo que a conversa poderia render. Além de escolhas de fala, você também tem que tomar algumas decisões importantes durante a aventura: bater ou não em alguém, salvar aquela ou a outra pessoa, ir para o escritório de fulano ou na casa de sicrano, e toda vez que você decide por um, você não saberá o que ocorreria se você fosse no outro.

Além dessas características de rpg temos também um elemento vindo direto de Heavy Rain e cia. Cenas interativas, como se fosse interferisse numa cena de luta de um filme, para exemplificar imagine comigo uma briga em um bar, a cena ta rolando, o inimigo vai dar um golpe ai na tela aparece pra você apertar tal botão pra você conseguir bloquear o soco, caso você acerte o botão a tempo então você consegue se defender, do contrário leva um bofetão na fuça! Entendeu a alma do negócio? Tem que parabenizar esse tipo de jogabilidade porque afinal sempre tivemos vontade de mudar as atitudes de personagens de filmes em certos momentos da história, tipo "Porque ela não chutou o saco dele? Porque não correu quando podia? Porque ficou se arrastando em vez de se levantar e fugir?".

Outra coisa a comentar é sobre o visual do game, ele parece uma verdadeira história em quadrinho viva, isso é muito bacana, é uma obra de arte literalmente. A atmosfera e a escolha das cores do game puxam muito para o estilo Noir, embora fuja do significado menos flexível da palavra. O estilo Noir é basicamente o seguinte, um detetive fumante que tem problemas com bebida e acaba conhecendo uma prostituta que lhe trata bem, no fim da noite ele é chamado pra ver a cena de um crime e percebe que a garota morta é a mesma prostituta que ele conheceu mais cedo! O gênero é cheio de cigarros, mulheres sensuais e letais, que podem ser espiãs ou sei lá o que, antigamente era marcado por forte contraste de preto e branco, você já viu isso em filmes como em Sin City (Que primeiramente foi uma história em quadrinho) ou Max Payne (que primeiramente foi um jogo.), se não viu vá conferir seu pecador!!! Em "The Wolf Among Us" não temos o preto e branco, mas temos sim forte contraste entre cores de timbre sombrios, apesar de serem chamativas, portanto o jogo de sombras permanece deixando claro as influências Noir no visual do game além de em sua história igualmente sombria, cheia de desconfiança, traições e crimes.



Por ultimo e não menos importante, pra falar a verdade seria o mais importante! hahaha Tanto "The Wolf Among Us" quanto "The Walking Dead" e outros jogos da Telltale Games são de natureza episódica, ou seja, são dividios em episódios como séries de tv, sim, com direito a "To be continued" e tudo! E o mais legal é: você pode importar os saves de um episodio para outro, assim quando você for jogar o episodio 2 suas escolhas no 1 vão ser mantidas, e assim ninguém que for jogar vai realmente experimentar a mesma história. Pois como o próprio games nos diz, são nossas decisões que influenciam o rumo que a trama pode tomar. A Telltale Games alias chama os jogos dela de "Escolha e Consequência". É de fato uma desenvolvedora com uma filosofia única de trabalho que tem realmente inovado o mundo dos games no últimos anos.



Meu conselho é, quando for jogar os jogos dela, leve a sério, se deixe envolver-se na história, então você vai descobrir mais sobre si mesmo, sobre sua personalidade, devido a forma que você enfrentará os conflitos externos e internos (que são muitos) que forçarão seus limites durante as aventuras da Telltale.

Se vale a pena jogar? Mas é claro!!!! "The Wolf Among Us" é um dos melhores jogos que tive o prazer de jogar. É uma história fantástica e graficamente espetacular. Se você quer experimentar uma obra de tirar o fôlego com trama de primeira e arte de primeira então jogue "The Wolf Among Us", você estará com certeza escolhendo o jogo certo para fugir da mesmice que tem afetado o mundo dos games atualmente.

- Log desliga! ;)


Outros adventures para vocês conferirem:

Grim Fandango
The Walking Dead
The Monkey Island
Back to the Future
Full Throttle


quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Desabafos e reflexões: Todos têm medo da morte

Damon e Bonnie na finale da quinta temporada, esperando o lugar onde estão se desintegrar.



Todos têm medo da morte.

Seja da sua própria, seja de parentes, amigos ou amores próximos. Não fomos criados para aceitá-la. Apesar de ser a maior certeza do universo, basta estarmos vivos para não sermos capazes de nos preparar para seu acontecimento. Um grande e real paradoxo da existência humana.

Quando paro para refletir sobre esse conceito não consigo me decidir sobre qual é o fator que mais provoca terror. Não sei se é a ideia de se chegar a um ponto final ou se é o desconhecimento do Quando este fim ocorrerá.

Pensemos, então, como escritores delimitam suas histórias. Eles mastigam por dias, as vezes, anos suas ideias. Criam personagens, cenários, planos de fundo e até mesmo históricos que justifiquem ações psicológicas. Buscam guiá-los através de um enredo preparado com esmero, através de reviravoltas friamente calculadas para que aquele determinado fim ocorra. Aquela história é parte viva do escritor que as escreve e é maravilhoso chegar exatamente onde você queria e lançar aquele ponto final, as vezes seguido da palavra FIM. Apesar de tudo já existir no cérebro, e por vezes, no roteiro ou plano de ação preliminar dos mais organizados, a personagem não sabe daquilo.

Sinto essa uma metáfora perfeita para falar sobre vida e morte, apesar de não estar querendo falar de destino aqui nessa postagem de pura reflexão. A minha ideia é que geralmente o ponto final do escritor deixa uma ideia de continuidade. No livro A Culpa é das Estrelas, Hazel e Gus entendem o fim repentinho do livro, porém buscam o autor para saber o que aconteceu com as outras personagens. O bom e velho 'Felizes para sempre' também pressupõe a continuidade da história. E é exatamente nisso que eu quero chegar. A morte não produz nenhuma continuidade. Ali seu foco acaba, sua memória desliga, tudo se apaga e as cortinas se fecham de uma maneira tão definitiva que é assustador. Por isso muitos recorrem a ideia de reencarnação ou de fantasmas, porque você nunca termina seus assuntos na vida, tudo se torna meio inacabado. Os verbos se conjugam de forma tão imperfeita como a nossa ideia de viver eternamente ou de ter um pedaço de nós vivendo ou legando a outrem.

Ou seja, nunca estamos preparados para morrer ou acabar, assim como não estamos preparados para esquecer. E é isso que nos assusta tanto: a característica de nunca conseguirmos terminar.


Envelhecemos e, ainda assim, continuamos inacabados. Continuamos a temer o derradeiro e iminente fim, não querendo simplesmente ceder ao pequeno, porém inalterável ponto final.