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Damon e Bonnie na finale da quinta temporada, esperando o lugar onde estão se desintegrar. |
Todos têm medo da morte.
Seja da sua própria,
seja de parentes, amigos ou amores próximos. Não fomos
criados para aceitá-la. Apesar de ser a maior certeza do
universo, basta estarmos vivos para não sermos capazes de nos
preparar para seu acontecimento. Um grande e real paradoxo da
existência humana.
Quando paro para
refletir sobre esse conceito não consigo me decidir sobre qual
é o fator que mais provoca terror. Não sei se é
a ideia de se chegar a um ponto final ou se é o desconhecimento do Quando este fim ocorrerá.
Pensemos, então,
como escritores delimitam suas histórias. Eles mastigam por
dias, as vezes, anos suas ideias. Criam personagens, cenários,
planos de fundo e até mesmo históricos que justifiquem
ações psicológicas. Buscam guiá-los
através de um enredo preparado com esmero, através de
reviravoltas friamente calculadas para que aquele determinado fim
ocorra. Aquela história é parte viva do escritor que as
escreve e é maravilhoso chegar exatamente onde você
queria e lançar aquele ponto final, as vezes seguido da
palavra FIM. Apesar de tudo já existir no cérebro, e
por vezes, no roteiro ou plano de ação preliminar dos
mais organizados, a personagem não sabe daquilo.
Sinto essa uma metáfora
perfeita para falar sobre vida e morte, apesar de não estar
querendo falar de destino aqui nessa postagem de pura reflexão.
A minha ideia é que geralmente o ponto final do escritor deixa
uma ideia de continuidade. No livro A Culpa é das Estrelas,
Hazel e Gus entendem o fim repentinho do livro, porém buscam o
autor para saber o que aconteceu com as outras personagens. O bom e
velho 'Felizes para sempre' também pressupõe a
continuidade da história. E é exatamente nisso que eu
quero chegar. A morte não produz nenhuma continuidade. Ali seu
foco acaba, sua memória desliga, tudo se apaga e as cortinas
se fecham de uma maneira tão definitiva que é
assustador. Por isso muitos recorrem a ideia de reencarnação
ou de fantasmas, porque você nunca termina seus assuntos na
vida, tudo se torna meio inacabado. Os verbos se conjugam de forma
tão imperfeita como a nossa ideia de viver eternamente ou de
ter um pedaço de nós vivendo ou legando a outrem.
Ou seja, nunca estamos
preparados para morrer ou acabar, assim como não estamos
preparados para esquecer. E é isso que nos assusta tanto: a característica de nunca conseguirmos terminar.
Envelhecemos e, ainda
assim, continuamos inacabados. Continuamos a temer o derradeiro e
iminente fim, não querendo simplesmente ceder ao pequeno,
porém inalterável ponto final.
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