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quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Desabafos e reflexões: Todos têm medo da morte

Damon e Bonnie na finale da quinta temporada, esperando o lugar onde estão se desintegrar.



Todos têm medo da morte.

Seja da sua própria, seja de parentes, amigos ou amores próximos. Não fomos criados para aceitá-la. Apesar de ser a maior certeza do universo, basta estarmos vivos para não sermos capazes de nos preparar para seu acontecimento. Um grande e real paradoxo da existência humana.

Quando paro para refletir sobre esse conceito não consigo me decidir sobre qual é o fator que mais provoca terror. Não sei se é a ideia de se chegar a um ponto final ou se é o desconhecimento do Quando este fim ocorrerá.

Pensemos, então, como escritores delimitam suas histórias. Eles mastigam por dias, as vezes, anos suas ideias. Criam personagens, cenários, planos de fundo e até mesmo históricos que justifiquem ações psicológicas. Buscam guiá-los através de um enredo preparado com esmero, através de reviravoltas friamente calculadas para que aquele determinado fim ocorra. Aquela história é parte viva do escritor que as escreve e é maravilhoso chegar exatamente onde você queria e lançar aquele ponto final, as vezes seguido da palavra FIM. Apesar de tudo já existir no cérebro, e por vezes, no roteiro ou plano de ação preliminar dos mais organizados, a personagem não sabe daquilo.

Sinto essa uma metáfora perfeita para falar sobre vida e morte, apesar de não estar querendo falar de destino aqui nessa postagem de pura reflexão. A minha ideia é que geralmente o ponto final do escritor deixa uma ideia de continuidade. No livro A Culpa é das Estrelas, Hazel e Gus entendem o fim repentinho do livro, porém buscam o autor para saber o que aconteceu com as outras personagens. O bom e velho 'Felizes para sempre' também pressupõe a continuidade da história. E é exatamente nisso que eu quero chegar. A morte não produz nenhuma continuidade. Ali seu foco acaba, sua memória desliga, tudo se apaga e as cortinas se fecham de uma maneira tão definitiva que é assustador. Por isso muitos recorrem a ideia de reencarnação ou de fantasmas, porque você nunca termina seus assuntos na vida, tudo se torna meio inacabado. Os verbos se conjugam de forma tão imperfeita como a nossa ideia de viver eternamente ou de ter um pedaço de nós vivendo ou legando a outrem.

Ou seja, nunca estamos preparados para morrer ou acabar, assim como não estamos preparados para esquecer. E é isso que nos assusta tanto: a característica de nunca conseguirmos terminar.


Envelhecemos e, ainda assim, continuamos inacabados. Continuamos a temer o derradeiro e iminente fim, não querendo simplesmente ceder ao pequeno, porém inalterável ponto final.

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