Seguidores

terça-feira, 26 de julho de 2011

O Discurso do Rei

Desde os 4 anos, George (Colin Firth) é gago. Este é um sério problema para um integrante da realiza britânica, que frequentemente precisa fazer discursos. George procurou diversos médicos, mas nenhum deles trouxe resultados eficazes. Quando sua esposa, Elizabeth (Helena Bonham Carter), o leva até Lionel Logue (Geoffrey Rush), um terapeuta de fala de método pouco convencional, George está desesperançoso. Lionel se coloca de igual para igual com George e atua também como seu psicólogo, de forma a tornar-se seu amigo. Seus exercícios e métodos fazem com que George adquira autoconfiança para cumprir o maior de seus desafios: assumir a coroa, após a abdicação de seu irmão David (Guy Pearce).

O filme vencedor de 4 Oscars incluindo o de melhor filme é aquele que contém o tema mais improvável ao reconhecimento entre os concorrentes na Academia: Um discurso. Porém, foi o que mais mostrou como o cinema pode brilhar e traduzir as angústias de uma época, de um povo e de um rei prestes a realizar o discurso mais importante que um monarca deveria fazer - Um discurso de guerra.

Acabei incluindo-o nessa categorias de filmes da Segunda Guerra Mundial, pois a história de George VI - interpretado por Colin Firth – se inicia poucos tempo antes da declaração de guerra entre Inglaterra e Alemanha. E o ápice do filme é a hora do tão esperado discurso que o monarca deveria dar ao povo. Uma história real, mas que foi transpassada para o cinema de modo belíssimo e com uma edição emocionante. Nunca pensei que um filme que girasse em torno do tema da preparação de um discurso pudesse me deixar acordada num dia frio e escuro, ou menos ainda, me deixasse completamente vidrada na tela até o ato final, até assistir esse filme.

Vivemos em um governo republicano. Para nós, brasileiros, é muito difícil entender a importância da monarquia britânica e o porquê de sua manutenção. Esse filme mostra que a voz do Rei refletia a Voz do Povo e por isso George VI teme o fracasso nessa espreitada que, para nós, parece tão simples. Como um homem que não pode falar direito pode refletir uma Nação inteira? Somos lançados de encontro as angústias de um homem que não pôde escolher o que faria, mas que se tornou símbolo da Resistência Nacional Inglesa por suas declarações, coragem e persistência, e terminamos o filme completamente encantados por tamanha força de caráter e por toda a amizade entre o Rei e um “homem comum” que o ajuda na empreitada, Lionel Logue – interpretado por Geoffrey Rush.

A trilha sonora instrumental é muito bem colocada em cada momento em que é usada. Dá a real intensidade a cada ato que desenrola, enquanto a direção de arte é impressiona na impecabilidade de cada cena. Parece uma grande pintura em movimento e sinto que isso é uma comum dos filmes britânicos. Mas um filme não se faz apenas com isso, mas principalmente pela força de um roteiro bem escrito e de grandes atuações. As indicações ao Oscar foram merecidíssimas e os prêmio efetivamente recebidos também o foram. Minha opinião pessoal: O filme é muito bom e emocionante. Nem muito longo, nem curto mas na medida certa. A trama cresce e evolui levando-nos com ela. Me tocou bastante e por isso super recomendo a quem quiser assistir.

Nota: 9,8

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Cartas de Iwo Jima


Junho de 1944. Tadamichi Kuribayashi (Ken Watanabe), o tenente-general do exército imperial japonês, chega na ilha de Iwo Jima. Muito respeitado por ser um hábil estrategista, Kuribayashi estudara nos Estados Unidos, onde fizera grandes amigos e conhecia o exército ocidental e sua capacidade tecnológica. Por isso o Japão colocou em suas mãos o destino de Iwo Jima, considerada a última linha defesa do país. Ao contrário dos outros comandantes Kuribayashi moderniza o modo de agir, alterando a estratégia que era usada. Ele supervisiona a construção de uma fortaleza subterrânea, feita de túneis que davam para as suas tropas a estratégia ideal contra as forças americanas, que começam a desembarcar na ilha em 19 de fevereiro de 1945. Os japoneses sabiam que as chances de sair dali vivos eram mínimas. Enquanto isto acontece Kuribayashi e outros escrevem várias cartas, que dariam vozes e rostos para aqueles que ali estavam e o relato dos meses que antecederam a batalha e o combate propriamente dito, sobre a ótica dos japoneses.
(sinopse retirada do site: adorocinema.com)


Como todos já sabem, eu sou professora de História e fascinada por livros, músicas, séries e filmes. Então que trabalho é mais prazeroso do que explicar um tema como a Segunda Guerra Mundial através de filmes? Pois então, esse post vai fazer parte de uma série iniciada hoje de filmes sobre a II World War: E nada melhor que começar essa série com Cartas de Iwo Jima do diretor e produtor Clint Eastwood.

A história é contada por um novo ângulo. São os japoneses que estão mostrando a sua perspectiva da batalha travada em Iwo Jima contra os americanos. O objetivo traçado pelo próprio Eastwood é mostrar os comumentes vistos como inimigos sob uma nova ótica: a deles. Afinal, japoneses tinham família, pessoas como eu e você sob uma outra ideologia. E posso dizer que Eastwood efetivamente conseguiu o que queria. Se não soubesse o final da guerra torceria por eles... E ele ficou tocado a realizar essa posição da guerra (até ali inédita) por conta das filmagens do filme "A Conquista da Honra" - próximo a ser resenhado. Tudo porque ele encontrou documentos interessantes sobre o comandante das Forças das Japonesas: General Tadamichi Kuribayashi. Esse militar que foi a grande força nessa batalha, viveu e estudou nos Estados Unidos e se viu no meio de uma batalha contra antigos amigos...

Muitas vezes internalizamos o que Hollywood nos passa sem antes dar margem ao outro lado se explicar. Por isso costumamos pensar nos japoneses como loucos, frios e calculistas. Os grandes vilões e nos esquecemos que pouco tempo antes, eles disputavam as Olimpíadas de Los Angeles (1932) e viviam dentro do território americano como amigos, recebendo até homenagens e honras como militares que eram. O modo como vemos os kamikazes também é distorcido por nossa visão ocidental de lutarmos e retornarmos ao que nos é mais importante, enquanto para os orientais o maior objetivo é manter a honra e portanto, não é retornar para casa e sim morrer no campo de batalha sem se render. Nem que para isso só reste a opção do suicídio.

O filme tem uma direção primorosa, e tudo desde o cenário até os uniformes artisticamente e realisticamente pensado. É uma triste história de uma guerra entre poderosos que matou milhares e mexeu com todo o mundo a partir da ótica do dito inimigo. Com a performance belíssima de Ken Watanabe, super vale a pena assistir!

NOTA: 9,5 - Por que sempre dá pra melhorar... hehe

sábado, 9 de julho de 2011

Ponto Final - Match Point

Chris Wilton (Jonathan Rhys-Meyers) é um jogador de tênis profissional que, cansado da rotina de viagens, decide abandonar o circuito e se dedicar a dar aulas do esporte em um clube de elite. É lá que conhece Tom Hewett (Matthew Goode), filho de família rica que logo se torna seu amigo devido a alguns interesses em comum. Convidado para ir à ópera, Chris lá conhece Chloe (Emily Mortimer), irmã de Tom. Logo os dois iniciam um relacionamento, para a alegria dos pais dela. Só que Chris fica abalado quando conhece Nola Rice (Scarlett Johansson), a bela namorada de Tom que não é bem aceita pela mãe dele.


De um diretor amado pela crítica, como Woody Allen, eu esperava um filme inteligente.

Não me decepcionei nesse quesito. O filme como um todo, tem uma direção belíssima! As cenas foram todas muito bem filmadas, incluindo as de sexo. Os atores muito bons e a história muito bem conduzida, com ótimos diálogos, interpretações primorosas e um final inteligente, criativo e frustrante por demais...

Frustrou-me pelo enredo, sabe? Eu esperei uma coisa do trailer, mas não era bem aquilo. Frustrou-me por que pelo trailer parecia que eu ia gostar do protagonista, mas essa não era a intenção do filme. Desde o início, eu odiei o Chris! Ele era um personagem que citava as artes, vindo debaixo e em ascenção como tenista. Ganha a simpatia e o acolhimento de uma família riquíssima da Inglaterra e bem simpática até e se interessa pela noiva do amigo, filho do patriarca dessa tal família. E ele não só se interessa! Ele nem tenta evitar... ele corre atrás da personagem da Scarlett Johanson ao mesmo tempo que está pra casar com a irmã do cara! Só que as coisas desandam de uma tal maneira que eu cheguei a ficar feliz por vê-lo se dar mal...

Eu não vou contar mais porque qualquer informação mal dada spoleia o filme por um todo e a graça e você chegar no filme e sentir a sensação frustrante mais deliciosa que já vi em um filme...

Só digo uma coisa, que é o lema do filme: ”Prefiro ter sorte a ser bom.”

Nota: 9,0

quarta-feira, 6 de julho de 2011

O Morro dos Ventos Uivantes - Emily Brönté


O Morro dos Ventos Uivantes é um clássico da literatura britânica e mundial e é o único livro de sua autora Emily Brontë. Escrito em 1847, o livro narra uma das histórias de amor mais intensas e surpreendentes da literatura: Heathcliff e Catherine. Uma história como diz a edição atual do livro em que o amor nunca morre. Vale ressaltar a observação de que, apesar de estar sendo vendido como o livro favorito de Bella e Edward de Crepúsculo, o livro nada tem a ver com a saga em si. Isso é uma estratégia marketeira, que apesar de ser extremamente contra, valerá a pena se conseguir fazer os adolescentes lerem. Algo que eu realmente espero!

Sua história inicia com uma visita do Sr. Lockwood, atual inquilino da fazenda "Granja do Tordo" à fazenda homônima ao livro a fim de fazer uma visita a seu senhorio, Sr. Heathcliff. A partir dessa visita e dos eventos que nela se sucedem, Lockwood fica curioso sobre a história daquelas terras e daquela família. Cabe a Nelly Dean, uma das criadas da Granja, narrar todos os fatos que ocorreram desde a adoção de um menino órfão, estranho e sem nome, que acabou sendo batizado de Heathcliff, ao seio da família Earnshaw. Esse menino cresce cercado de maus tratos e comportamentos vis e encontra a sua força e vida ao lado de Catherine Earnshaw, filha do benfeitor e irmã do vingativo Hindley.

Porém, lembremos que essa história foi escrita no século XIX, portanto Cathy não poderia se casar com alguém tão rude e mal visto como Heathcliff, e essa rejeição vai sero grande divisor de águas da história. Heathcliff some e reaparece anos depois, em busca de vingança contra aqueles que o haviam tratado mal. Vingança essa que dura duas gerações, incluindo seu próprio filho.

A história possui uma escrita complicada e, por vezes, intrincada, característica dos romances da época. Contudo, o que tem de difícil, tem de fascinante. É impossível ler sem se apaixonar pelos personagens que conseguem ser cruéis, egoístas, apaixonados e vivos ao extremo. Todos tem seus defeitos bem enfatizados na descrição parcial de Nelly, mas é no decorrer da leitura e de frases e situações extremas que vemos suas qualidades. Também é impossível não vivenciar o sofrimento e agonia de Heathcliff, apesar de seus atos "diabólicos", e de seu grande amor Cathy que solta uma das maiores pérolas literárias já escritas.

Meu amor por Heathcliff é como uma rocha eterna. Eu sou Heathcliff.


Sentiu a intensidade das palavras proferidas, leia o livro o todo e terás apenas um vislumbre do amor mais forte e cultuado do mundo literário. Fica a dica de que vale a pena ler e reler!

segunda-feira, 4 de julho de 2011

A New Year Blues

Nota da autora: Essa é um pequeno conto que eu fiz e gostei muito. Gostaria muito de fazer uma história maior com o Marcus... Decidi publicar aqui para ver a opinião de vocês...

Sejam honestos com a opinião!




O bar estava sujo, pobre e vazio e uma música, cuja letra era incompreensível, preenchia o ambiente saindo das caixas de uma jukebox localizada no canto próxima a janela. O aquecedor não devia ser limpo ou cuidado por alguns meses, senão anos, pois o local estava frio – o que já era bom em comparação com o estado congelante do lado de fora. Nele se encontravam apenas alguns homens já bêbados demais para perceberem ou analisarem onde estavam, algumas prostitutas entediadas com seus parceiros, porém ansiosas pelo pagamento de mais tarde, um jovem barman ajeitando as garrafas de bebidas nas prateleiras do bar, e Marcus, que sentado ao balcão, encarava de maneira dolorosamente sóbria o pequeno copo de whiskey a sua frente.
A música chegou ao fim e passados alguns segundos as notas intensas e melancólicas de um blues começou a encher o ambiente, acompanhada da voz e interpretação de B. B. King.

I pity the fool that falls in love you


Marcus suspirou e ao som das batidas repetitivas e do choro da guitarra. Tomou o copo com o liquido âmbar em suas mãos e virou seu conteúdo de uma vez só. O líquido quente e amargo desceu a garganta queimando tudo o que estava em sua frente e como reação a isso, fechou os olhos e abriu a boca, soltando o ar que havia inspirado com o álcool. Ao se sentir melhor, simplesmente se deixou curtir a sensação de leve embriaguez que dominou o seu corpo por alguns momentos.

“Mais uma.”

Gritou para o barman, que lhe pegou o copo e encheu da bebida anterior, a qual bebeu de imediato e pediu silenciosamente por mais uma dose. O barman o olhou perplexo, mas não discutiu e encheu o copo de seu cliente.

“Esse whisky pode ser barato, mas é forte. É difícil tomar metade dessa garrafa sem cair.” Marcus sorriu com a informação.

“Depois da segunda, sua garganta anestesia.”

“Fossa? Hoje?” Outro sorriso, dessa vez interrompido por outra esvaziada do copo e uma veemente negação conjunta com o pedido para mais uma dose.

“Você já sentiu a sensação dessa bebida, Mr. Barman?” Ele perguntou mostrando o líquido em seu copo.

“Scott.”

Marcus repetiu o nome de seu interlocutor. “Scott. Hein? Já sentiu?”

“Prefiro uma boa cerveja nas noitadas.” Disse o rapaz honestamente. Na profissão, ele havia aprendido que uma boa maneira de ajudar os sujeitos que lá apareciam era bater um papo com eles. Evitava problemas futuros e ainda matava o tédio.

“Essa bebida marrom tem o poder de durante uma golada, fazer você sentir uma dor tão aguda que parece que estão rasgando sua garganta fora.”

“Cruzes. E por que você está bebendo isso hoje?”
Marcus deslocou seu olhar da bebida para Scott que possuía uma expressão confusa em seu rosto e sorriu.

“Simples. Por que essa dor foi a grande companheira durante todo esse ano... não seria hoje que eu a desprezaria, não é?”

“Boa justificativa.”

Scott riu do seu interlocutor. Ele parecia ter trinta anos e estava vestido casualmente, senão fosse o grosso sobretudo preto que o cobria. Tinha um senso de humor único em um lugar como aquele.

“Muitas pessoas simplesmente a esquecem. Vivem na merda o ano inteiro se entregando ao copo de bebida pra sentir uma dor física, mais fácil do que o sofrimento da realidade e quando chega dias como hoje, fingem estar tudo bem e felizes.” Marcus continuou. “B. B. King tirava desses momentos músicas como essa que estamos ouvindo... Eu aproveito pra beber e esquecer tudo o que se passou nesse ano. Aí,” Ele levantou o copo pondo-o a frente do campo de visão do barman. “quando eu terminar essa golada, tudo vai estar para trás como deve ser, e eu não vou precisar beber outro desse amanhã. Sabe por quê?” Scott balançou a cabeça em negativa. “Porque vou começar tudo do zero.”

“Tirando a ressaca.”

Marcus riu pela primeira vez naquele dia. “Ela vai ser só mais uma grande e sofrida lembrança daquilo que eu não quero repetir.”

O barman pegou um copo pequeno e entornou um pouco do líquido da garrafa nele. “Se todos seguissem a sua filosofia, as pessoas ficariam menos bêbadas.”

“E você, desempregado.”

“Por isso, resolvi brindar esse último copo com você: Ao amanhã.” Scott levantou o copo, seguido pela repetição do movimento vindo do homem a sua frente.

“Ao amanhã e ao B. B. King que difamou a vadia pro mundo inteiro em uma música.”

Os copos se bateram, provocando um som de aprovação, e logo foram levados a boca e entornados de maneira rápida e destrutiva. O barman reagiu como um dragão que cuspia fogo, enquanto os olhos se encheram de lágrimas e o nariz começou a arder. Marcus começou a rir, ao escutar os fogos explodindo no céu de Manhattan, e os gritos, comemorações e congratulações das pessoas que enchiam a rua principal próxima ao beco onde ficava o bar e ao Empire State Building. Após alguns minutos e o cessar da extensa chuva de fogos de artifícios, Marcus virou para o seu novo amigo e exclamou com um sorriso.

“Desce um copo de água agora junto com um Feliz Ano Novo.”

Scott riu mais uma vez da mudança provocada pelo simples avançar das horas para 2011, e após servir-lhe um copo de água respondeu.

“Feliz Ano Novo!”