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sábado, 27 de outubro de 2012

Sons of Anarchy 1ª temporada - Shakespeare sobre duas rodas.



É clube que faz o motoqueiro ou motoqueiro que faz clube? A frase seria uma forma simples de resumir a primeira temporada de Sons of Anarchy. A primeira vista, parece uma série meio clichê, algo que poderia muito bem ser explorado por qualquer um dos jogos de Grand Theft Auto, mas a questão que Kurt Sutter levanta vai muito além. Antes de entrar nesse assunto, você precisa saber do que se trata a série (Sério, não diga ¬¬)

Enfim, Sons of Anarchy é sobre uma gangue de motoqueiros liderada por Clay (Ron Perlman), mas principalmente vista através dos olhos de seu enteado e  vice-presidente Jax (abreviação de Jackson), interpretado por Charlie Hunnam (que tem um sotaque britanico forte pra car*lho, mas que consegue disfarçar razoavemente).

Fora do clube, Jax é o típico white trash: mecanico, mora num dos quartos na sede do motoclube e que tem como família uma mãe controladora e uma ex-mulher drogada e grávida de seu filho, um constrate com a vida dentro do Sons, na qual ele é o segundo no comando, filho de um dos fundadores do MC, preferido para assumir quando Clay se afastar da presidencia... Até que um dia, Jax encontra um diário escrito por JT, seu pai, que é basicamente a visão dele sobre como o SAMCRO (Sons of Anarchy Motorcycle Club, Redwood Original) se afastou dos ideais que tinha concebido no início.

Em meio a isso, uma gangue rival explode o local onde os Sons estocavam as armas que que seriam vedidas no mercado ilegal. Deixados sem escolha e querendo vingança, a temporada se desenvolve partindo da luta do MC para se reerguer, enquanto tenta manter a cidade de Charming dentro de seu domínio. 

Além do enredo sobre a gangue, temos a relação de Jax e sua ex-esposa, Wendy, que dá à luz seu bebê prematuramente por causa de uma semi-overdose, e pra piorar tudo o a criança também nasce com defeito congenito no coração. Mas como Kurt Sutter gosta de fazer o Jax sofrer, a médica que vai operar o moleque é Tara, sua primeira namorada e que o abandonou justamente por causa dos Sons. Nem é preciso dizer que Gemma, mãe de Jackson e primeira dama do motoclube, é praticamente fã de carteirinha de Tara (sarcasmo detectado). 

Pelos 13 episódios, vemos que as palavras de JT, o rolo do nascimento de Abel(nome do muleque), o retorno de Tara e toda a confusão em que o motoclube se envolve, fazem Jax se questionar se vale a pena lutar para limpar toda a sujeira em que os Sons od Anarchy se meteram ou se deve abandonar o navio.

E é aí que entra a pergunta que levantada no começo no texto. Não dá pra saber quem é prejudicial a quem, quem está corrompendo quem, o que se vê é que os Sons chegaram num ponto em que não se tem uma visão clara de qual é o problema ali dentro, e é justamente o que move a série pra frente e que vai ser muito mais trabalhada na temporada seguinte (eu vou falar dela em breve). 

"Se você é um homem com convicções, a violência é inevitável", é apenas um exemplo do que Sutter quer nos passar. Cada episódio brinca com a dicotomia do que é certo para sociedade e do que é certo para os Sons, os conceitos de lei e ordem, autoridade e respeito. Pra aqueles caras, as regras do clube são mais importantes do que as leis da sociedade, e a medida que os episódios transcorrem, nós vamos descobrindo o código que rege os personagens, que é tão forte, que acaba se alastrando até para dentro de suas famílias.

A moralidade é um conceito interessante na série. Todos os personagens estão trabalhando para fazer o que eles vêem como a coisa certa, seja a polícia, os filhos, ou os personagens periféricos. A escrita de Sutter reflete isso incrivelmente bem, com medidas iguais de drama e humor, juntamente com um senso real de perigo.

Sons Of Anarchy é parte de uma tendência recente nos dramas, algo que consegue dosar a ação e o drama sem ser enjoativo ou parecendo novela brasileira (que a mocinha sofre que nem uma condenada por oito meses, três semanas e quatro dias e só se dá bem no último episódio), a trama é bem amarrada, também exige um elenco capaz de retratar cada personagem de forma realista e que consegue saber o tom certo de cada cena. É um crime uma série tão boa ser tão pouco conhecida.

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