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domingo, 17 de maio de 2020

[RESENHA] Anjo Mecânico - Cassandra Clare

Através de Tessa Gray, uma jovem órfã de 16 anos, somos apresentados aos Caçadores das Sombras da Inglaterra vitoriana. Como seus representantes do século XXI, eles também combatem os elementos rebeldes do submundo ― vampiros e lobisomens. E são eles que vão ajudar Tessa quando esta, ao sair de Nova York em busca do irmão, seu único parente vivo, é raptada pelas irmãs Black. Mas Tessa não é uma senhorinha indefesa. Dona do estranho poder de se transformar em qualquer um apenas tocando em algum pertence dessa pessoa, é um objeto valioso para o submundo. Ao lado do temperamental e misterioso Will e de seu melhor amigo James, cuja frágil beleza esconde um terrível segredo, Tessa vai aprender a usar seu poder e ganhar um lugar ao lado deles na batalha entre as trevas e a luz.



Uma das minhas coleções de livro favoritas é Instrumentos Mortais da Cassandra Clare, e digo isso sem medo. É uma leitura deliciosa, cheia de ação, um belo enredo e principalmente,  personagens bem comstruídos.

Se tem uma coisa que as obras de Clare são maravilhosas, é na construção de personagens e as análises de sentimentos e pensamentos desses. Você se identifica com eles, torce por eles, chora, ri e evolui com os personagens. Li os livros de Instrumentos mortais em um ou dois dias, 3 sempre volto a reler de tão bem escrito.

Então, ela lançou uma série do mesmo mundo nefilim, porém anterior. Bem anterior... na Inglaterra vitoriana. Um desafio e tanto em adaptar linguagem, ações e comportamentos de todo um mundo mágico as conveniências e linguajar da época vitoriana. E podemos dizer que ela conseguiu.

Apaixonada pelo romance Jace e Clary que sou,  fui ler esse primeiro livro da trilogia com medo de não gostar. Apesar da maior formalidade entre os personagens, típicas da época, Cassandra consegue criar novamente personagens incríveis e todo um enredo interessante. Auge da revolução industrial, nada melhor que objetos mecânicos em massa sendo utilizados para o mal. E no meio disso tudo, Tessa Grey, se descobre alguém dotado de poderes mágicos e sendo perseguida por todos os seres do submundo. Nesse contexto, ela é abrigada no Instituto,  onde passa a conviver com os nefilins e aprender sobre todo esse mundo novo que ela pertence, mas desconhecia completamente sua existência.

E se envolve num triângulo amoroso entre dois caçadores das sombras: Will e Jem  . O primeiro é aquele arrogante que faz questão de ser odiado e faz de tudo pra afastar ao máximo de todos, se dedicando apenas a luta e ao treinamento. Tem hora que lembra o Jace, por ter um instinto em.se auto-sabotar, sabe? Ou de se odiar ao mesmo tempo que parece ser impassível... O outro, seu melhor amigo e exato oposto,  sensível, amável, porém muito doente. Tessa, as vezes, irrita, confesso. Mas ela é forte  e determinada,  o qur a leva a bons momentos e péssimos. E o pior, você até escolhe um lado do triângulo (mas gosta do outro lado também) porque no final os três são amigos acima de tudo.

Os eventos mantêm o suspense sobre o real inimigo até o fim. Apesar de eu ter matado quem era desde o começo, teve horas que realmente fui enganada. As reviravoltas e viradas de mesa da história foram muito bem feitas e executadas pela autora, além dela conseguir arrematar bem a história para ter um final e uma sequência.

Ou seja, leiam! Ganhei o livro 2 de dia das mães e mal vejo a hora de começar pra ver o que acontece. Espero que vocês dêem uma chance.

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Revisionismo. Que bicho é esse?

Virou uma ofensa comum pela internet. Para de ser revisionista.  Mas ninguém explica o que ela significa né? Nem o perigo desse tipo de fala que recebe tamanha acusação.

Vamos conversar um pouco sobre revisionismo?

Andando pela web nessa quarentena, tenho percebido na prática como o revisionismo tem se espalhado e gerando consequências desastrosas para a educação e pro país em geral.

Mas o que é revisionismo?
É o ato de revisar leituras e fatos históricos, trazendo uma informação contraditória ao que é ensinado, lido e falado amplamente.

Qual o problema disso?
É que geralmente os que fazem isso, fazem de acordo com seus interesses e sem muito cuidado com as fontes e leituras.

Explicando melhor.

Existe um ditado ancestral: "toda regra tem exceções."  E uma continuação dele prega: "as exceções comprovam a regra". Parece besta, mas todo fato, conceito,  evento vai ter exceções a generalização. Nem todo nazista tinha ódio ao judeu a ponto de maltratá-lo, torturá-lo ou matá-lo. Existem exceções em tudo nessa vida. O problema é que o revisionista tenta colocar a exceção como regra, a fim de provar um argumento que ele tem. Ele ñ se importa se é um caso em mil, e alguns também não se importam se aquele caso é real (vide a propagação de fake news altamente disseminada em nosso meio).

Um historiador, por exemplo, aprende o rigor no uso das fontes. Primeiro, você precisa verificar a autenticidade dela. Depois verificar como as fontes abordam o tema. Todo projeto tem hipóteses,  você vai procurá-las de porte de varias possibilidades. Porém, elas que mostram o caminho. Elas que precisam falar... apesar de sabermos que tudo tem um certo grau de parcialidade, se você encontra 100 documentos "x" falando "que escravos eram maltratados" e 1 ou 2 "y" falando o inverso "que eles tinham um ótimo tratamento", estamos vendo uma lógica de exceção por exemplo.

O revisionista vai com uma ideia na cabeça.  Provar sua teoria. Quando ele encontra  os documentos "y" pra ele é suficiente. Mesmo que hajam 1000 casos que provem que aquilo seja uma exceção, ele vai colocar aquilo como regra fim de fazer valer seu argumento. Não digo que todos façam por mal, mas tem alguns (como vemos mais uma vez nas fake news) que nem confirmam as veracidades das fontes y...

E esses caras tem uma boa argumentação.  São pessoas que falam bem, se explicam bem. E é aí que mora o perigo. Muitos nem questionam sua fala... seguem porque esta bem falado, bem explicado. Mesmo que seja uma teoria fundamentada na areia e facilmente derrubada, ela ganha força e poder em mãos perigosas. Quer exemplo maior disso que a "teoria da terra plana?"

Como reconhecer um revisionista? Geralmente ele começa seus escritos e vídeos dizendo que você aprendeu errado, foi doutrinado, tudo o que te disseram foi uma mentira e ele pode provar. Só que quando vai provar, usa fontes frágeis, argumentos baseados em poucas leituras, frases soltas sem contexto, ou as fontes tipo "y" - exceções a um fato que passam a ser verdades absolutas pra ele.

Tá e esse texto todo pra quê? Bem, porque isso ficou martelando na minha mente por um bom tempo, depois que vi alguns desses vídeos e sites. Outro motivo é que talvez com uma explicação mais didática do conceito as pessoas passem a ter cuidado com determinadas revisões de fato histórico, sociológico e econômico.  É uma possibilidade,  uma tentativa que pode não dar em nada, mas pelo menos fiz a minha parte.